Eletricidade

Thursday, February 24, 2005

# 004

Não queiram me provocar num momento de azedume...

Mulher chata da sala: "Nossa Jeferson, como vc engordou nas férias... olha sua barriguinha."
Eu: "Pois é Fulana, e você hein... envelheceu mais na férias, olha que monte de rugas..."

E ela fica de boca aberta e começa a chorar.

Ser cruel é bom de vez em quando.

Não pisa no meu calo.

Tuesday, February 22, 2005

#003

Escuro
E de todos os caminhos pelos quais ela podia seguir escolheu aquele que mais pedras brilhantes tinha no chão. Não pedras de obstáculo, mas pedras brilhantes, que refletiam (pensava ela) a luz que o sol emanava. Ela tinha muito medo do escuro.

E deu seu primeiro passo e sentia que quanto mais andava, mais coisas deixava pra trás.

E foi perdendo lembranças. Não se lembrava mais do primeiro sorriso que viu, nem do primeiro passo de bebê, nem do seu primeiro medo do escuro.

Não percebia que as pedras não refletiam a luz do sol, mas sim a luz das lembranças daqueles que escolhiam seguir por aquele caminho.

Se olhasse pra trás poderia ver aquele abraço apertado que quase lhe tirou o ar, mas foi o melhor abraço que já recebera. Podia se ver ainda sentada na calçada soprando bolhinhas de sabão com um canudinho azul.

Mas ela não olhou pra trás. Seguiu em frente e do outro lado já não sabia o que era o sol. E nem que tinha medo do escuro.

Monday, February 21, 2005

#002

"...vamos fazer um filme..."
Tem dias em que tudo o que eu queria era um controle remoto que me permitisse parar, rebobinar, avançar, passar em câmera lenta todas aquelas cenas que acontecem nesse mundo real.
Tudo seria tão mais fácil... imagine só: quando eu dissesse aquela besteira do dia eu podia apertar o botão de rebobinar e fazer diferente; ou então naqueles momentos mais bonitinhos, que são mais raros, eu pudesse apertar o 'slow' e fazer a cena passar em câmera lenta pra que durasse muito e muito tempo... e ainda, quando estivesse cansado era só apertar o 'pause" ou o 'stop' e ficar descansando os olhos...
É... seria interessante. Mas pensando bem, acho que eu não gostaria muito não.
No começo seria divertido, mas depois a graça de ser o Diretor de tudo já não ia existir, ia ficar tão monótono, afinal, só ia acontecer o que eu permitisse...
Não, eu não ia aguentar esse cargo de Diretor por muito tempo não. Gosto das coisas do acaso, das surpresas, do "de repente"... mas tem dias... tsc tsc... =)
O título é de "Vamos fazer um filme" da Legião Urbana